[FGV] Questão 31 - Morfologia: Ortografia [Linguagens]

Leia atentamente o texto e responda à questão.

1. Cita-se com freqüência o lado empirista anglo-saxão em face da propensão latina à abstração, ao pensamento conceitual e aos princípios. Henri Poincarré já tinha observado que se ensinava a mecânica (dita “racional” em física) de forma diferente, de acordo com o lado da Mancha de onde se olhava.

2. Na França, nós a ensinávamos como a matemática, partindo dos teoremas, dos princípios, da base teórica de onde se derivava e, a seguir, dedutivamente, as conseqüências práticas, assim como os diversos exemplos. Na Inglaterra, ao contrário, partia-se dos fatos experimentais, de onde se inferia, a seguir, por indução, os princípios teóricos.

3. Bertrand Russel, por sua vez, observava com humor que, na literatura sobre a psicologia animal experimental, os animais estudados pelos americanos agitam-se com frenesi e entusiasmo e, finalmente, atingem, por acaso, o resultado visado. Os animais observados pelos alemães param para pensar e, finalmente, descobrem a solução por um processo voluntário e consciente (...). Uma anedota de origem desconhecida ilustra, igualmente, esta oposição. Pergunta-se a um inglês se ele gosta de espinafre. Ele coça a cabeça, pensativo, e depois responde: “Provavelmente, pois eu como com bastante freqüência.” A mesma pergunta formulada a um italiano, de acordo com a história, provoca a resposta imediata: “Espinafre? Eu adoro!”. Depois, este entusiasta, sendo perguntado quando ele comeu espinafre pela última vez, coça então a cabeça, reunindo suas lembranças para admitir: “Oh! Deve fazer bem uns dez anos!”.

4. Cada um pode, facilmente, achar numerosas ilustrações das diferenças entre as formas de pensamento ou de raciocínio dos ingleses e dos latinos. Descobrir as raízes é menos evidente. A comparação das práticas jurídicas oferece um exemplo interessante destas diferenças.

5. O direito consuetudinário, tal como está consolidado e perpetuado na common law inglesa, está fundado na tradição. Em cada litígio, para arbitrar, o júri popular procura na memória coletiva da comunidade um “caso” precedente no qual se possa buscar inspiração para julgar eqüitativamente, por analogia, de acordo com o costume, o caso em questão. É, pois, a partir de um ou de diversos casos similares que se infere a conduta a sustentar, sempre levando em conta as particularidades do caso específico em julgamento.

6. Ao contrário, o direito romano é um direito escrito e abstrato. Um jurista familiarizado com este direito e investido da autoridade do Estado é chamado a julgar as demandas que lhe são feitas e a decidir entre as partes presentes. Ele procura num texto a fórmula jurídica que se aplica a esta situação particular e apresenta sua decisão apoiando-se sobre a jurisprudência.

AMADO, G., FAUCHEUX, c., e LAURENT, A. Mudança Organizacional e Realidades Culturais: contrastes franco: americanos. Em CHANLAT, Jean-François (coord.), O Indivíduo na Organização- Dimensões Esquecidas, vol. II. São Paulo: Atlas, 1994, p. 154-155.

 

Assinale a alternativa em que, pelo sentido, o vocábulo sublinhado esteja mal utilizado:

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