O MARTÍRlO DO ARTISTA
Arte ingrata! E enquanto, em desalento,
A órbita elipsoidal dos olhos lhe arda,
Busca exteriorizar o pensamento
Que em suas fronetais células guarda!
Tarda-lhe a Idéia! A inspiração lhe tarda!
E ei-lo a tremer, rasga o papel, violento,
Como o soldado que rasgou a farda
No desespero do último momento!
Tenta chorar e os olhos sente enxutos! ...
É como o paralítico que, à míngua
Da própria voz e na que ardente o lavra
Febre de em vão falar, com os dedos brutos
Para falar, puxa e repuxa a língua,
E não lhe vem à boca uma palavra!
Augusto dos Anjos
Observe o emprego da partícula "e", em:
I. "Tenta chorar e os olhos sente enxutos!..."
II. "puxa e repuxa a língua,"
III. "E não lhe vem a boca uma palavra!"
Analisando a relação que a referida partícula estabelece nas três construções, pode-se dizer que: